O crédito à habitação não para de aumentar. No ano passado, os bancos nacionais disponibilizaram mais de oito mil milhões de euros em empréstimos para a compra de casa, de acordo com o Banco de Portugal. Trata-se do nível de concessão mais elevado dos últimos sete anos.

Estatísticas divulgadas pela entidade liderada por Carlos Costa, nesta quarta-feira, indicam que no ano passado foram disponibilizados 8.260 milhões de euros em crédito à habitação, em Portugal. Este valor corresponde a um aumento de 43% face aos 5.790 milhões de euros que tinham sido disponibilizados pelos bancos nacionais no ano anterior.

O nível de concessão de crédito à habitação, em 2017, é ainda o mais elevado desde o início da crise financeira, sendo que seria necessário recuar até 2010 para assistir a valores mais elevados.

O crédito para a compra de casa manteve-se, assim, como o principal motor da recuperação dos níveis de concessão em Portugal. As famílias aproveitam a melhoria das suas perspetivas financeiras, tendo em conta a recuperação da economia e do emprego, para avançar com a decisão de comprar casa com recurso ao crédito.

Os atuais níveis de concessão de crédito à habitação são ainda suportados pelo nível historicamente baixo dos indexantes usados nos contratos de crédito — que se mantêm negativos — mas também do recuo dos spreads cobrados pelos bancos que estão sedentos por libertar liquidez na economia. Essa “sede” dos bancos em dar crédito está a levá-los a apostar em campanhas cada vez mais agressivas, sobretudo para o financiamento habitação.

De salientar ainda a importância crescente dos estrangeiros na disponibilização de crédito à habitação em Portugal. “Em grande parte, esse crédito à habitação é concedido a estrangeiros”, especificava recentemente o presidente da associação que representa os bancos portugueses, em entrevista ao ECO.

Os mesmos fatores ajudam a sustentar o crescimento das restantes finalidades de crédito às famílias. No acumulado do ano passado, os bancos disponibilizaram 4.224 milhões de euros em crédito ao consumo, 11% acima do verificado no mesmo período do ano anterior, sendo este o montante mais elevado dos últimos onze anos. Seria necessário recuar até 2006 para ver um valor mais alto na concessão deste tipo de empréstimos.

Já no que respeita ao crédito a particulares com outros fins, a concessão ascendeu a 1.966 milhões de euros. Este valor supera em quase 6% o montante disponibilizado em igual período de 2016 e trata-se de um máximo de dois anos.

Conjuntamente, os novos empréstimos às famílias ascenderam a mais de catorze mil milhões de euros (14.450 milhões de euros) entre janeiro e dezembro, 26% acima da concessão registada no mesmo período de 2016.


É graças às famílias que a injeção de liquidez no mercado continua a aumentar em Portugal, já que nas empresas o rumo de queda mantém-se. No ano passado, as empresas foram buscar aos bancos perto de 29 mil milhões de euros em financiamento, naquele que é o montante mais baixo do histórico do Banco de Portugal.

Os 28.844 milhões de euros representam uma diminuição de 3% face aos 29.836 milhões de euros que se tinham verificado no ano anterior. No histórico de 15 anos de dados da entidade liderada por Carlos Costa nunca se assistiu a um valor tão baixo.

Em termos globais, o montante de crédito disponibilizado à economia aumentou em 5%, para 43 mil milhões de euros, no ano passado. Em 2016, tinham sido disponibilizados 41 mil milhões de euros.

Fonte: Eco.pt | Casa Sapo