Na hora de escolher onde vai morar, depara-se logo com aquela dúvida básica: comprar ou arrendar? Resumimos um texto extenso e muito bem elaborado pelo Idealista para lhe mostrar a tendência nacional e europeia e tentar ajudar no processo de tomada de decisão.

Desde logo, importa perceber que comprar implica reunir muita documentação e ter poupanças para financiar, pelo menos, parte da casa. Trata-se mesmo de um compromisso a longo prazo, mas que gera uma mais-valia, já que adquire património.

Por outro lado, arrendar casa pode ser bem mais simples em termos contratuais e traz mais liberdade à mobilidade, mas só pode ser encarado como investimento na perspetiva da qualidade de vida, uma vez que a despesa não aumenta o seu património.



A opção dos portugueses: Comprar!


Neste cenário, perante o preço da compra e do arrendamento, que opção preferem os portugueses? Os dados mais recentes do Eurostat não deixam margem para dúvidas: a esmagadora maioria - cerca de 77,3% - disse ser proprietário de uma habitação em 2020, enquanto 22,7% afirmaram estar a arrendar uma casa. E olhando para a última década, 2020 foi mesmo o ano em que houve mais proprietários em território nacional, embora tenha sido, também, profundamente marcado pelo choque da pandemia.

Comprar casa é a opção da maioria dos portugueses, mostram os dados do gabinete de estatística europeu publicados no final de dezembro. E é assim desde, pelo menos, 2003. De lá para cá, mais de 74% dos portugueses disseram ser proprietários de uma habitação. A evolução ao longo do tempo não foi linear. Mas salta à vista que 2020 - quando a pandemia caiu como uma bomba nas nossas vidas - foi mesmo o ano em que houve a maior percentagem (77,3%) de proprietários desde que há dados contabilizados pelo Eurostat. Face a 2019, este valor subiu 3,4 pontos percentuais (p.p.) – registando a maior subida de toda a União Europeia (UE). Recuando até 2010, a diferença é de +2,4 p.p.



Porque preferem comprar casa?


E o que poderá estar por detrás desta escolha? As condições foram reunidas para que comprar casa se tornasse uma opção real para muitas famílias durante a pandemia. Desde logo, as medidas de combate ao desemprego desenhadas pelo Governo ajudaram a minimizar os efeitos da crise nos orçamentos familiares. As restrições impostas à circulação fizeram o consumo diminuir e as poupanças das famílias engordar, de tal forma que atingiram níveis históricos em julho de 2021, mês em que os depósitos dos particulares somaram 169.910 milhões de euros, segundo os dados do Banco de Portugal.

O tempo passado em casa levou as famílias a valorizar os espaços onde vivem, sobretudo os jardins e varandas, o que levou ao aumento da procura por casas mais espaçosas e com espaços exteriores, apontou o Fundo Monetário Internacional recentemente. E comprar casa recorrendo ao crédito habitação tornou-se também mais apetecível. Isto porque as taxas de juros implícitas nos contratos de crédito habitação desceram na segunda metade de 2020 e assim continuaram até setembro de 2021, altura em que atingiram o mínimo histórico de 0,785%, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).



Comprar ou arrendar casa nos países da UE

O mapa da europa mostra-nos que comprar casa é mesmo a opção de sete em cada 10 europeus. E analisando os dados nos 27 países da EU, salta à vista que pelo menos 50% da população é proprietária em todos os países – à exceção da Itália que não tem dados disponíveis.

Mesmo assim, há variações significativas. Na Roménia, viver numa casa própria é a escolha de 96,1% da população. Este é mesmo o país onde há mais proprietários de toda a UE. Além da Roménia, só há mais três países do espaço europeu onde os proprietários de habitação representam mais de 90%: Eslováquia, Croácia e Hungria.

No fundo da tabela está a Alemanha, onde cerca de 50,4% das pessoas são proprietárias de casas. Os outros 49,6% escolheram viver numa casa arrendada. E a verdade é que há cada vez menos famílias a quererem comprar casa no país. Entre 2019 e 2020, a percentagem de proprietários desceu 0,7 pontos percentuais (p.p). E desde 2010 caiu 2,8 p.p.

Esta é mesmo uma tendência verificada em vários países da Europa na última década. Face a 2010, a percentagem de proprietários de casas desceu em 17 dos 27 Estados-membros. A descida mais acentuada foi mesmo registada na Dinamarca, que passou de 66,6% em 2010 para 59,3% em 2020 – isto é, -7,3 p.p. Esta tendência foi verificada também na Lituânia (- 5 p.p.), Espanha (-4,7 p.p) e Chipre (-4,5 p.p.).