Estudo da Associação Académica da Universidade do Minho revela que, embora sendo a primeira opção de alojamento, existem apenas 1 399 camas disponíveis nas quatro residências da academia minhota.

As residências universitárias continuam ser a primeira opção de alojamento nas preferências dos estudantes minhotos, mas as estruturas actualmente existentes tem apenas disponíveis 1.3 99 camas, conseguindo alojar somente 10% dos alunos numa academia onde 74% dos estudantes são deslocados. Esta é a principal conclusão de um estudo promovido pela Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM) sobre o Alojamento da Comunidade Discente da UMinho, apresentado publicamente esta semana.
Os dados apresentados indicam também que mais de 50% dos estudantes inquiridos nunca receberam qualquer recibo de renda, apesar da lei prever a sua obrigatoriedade.

O preço da habitação é, ainda de acordo com o estudo conduzido pela aluna Maria João Barbosa - orientada pelo professor Joaquim Silva, docente da Escola da Economia e Gestão da UMinho - o atributo mais influente da escolha de alojamento por parte dos estudantes, sendo também, destacadamente, o factor mais importante para a escolha de habitação nas residências universitárias.
O principal preconceito que subsiste em relação às agências imobiliárias é, segundo o estudo, o facto de se considerar que estas empresas cobram aos alunos (no caso, inquilinos) uma comissão pelo serviço de arrendamento, o que na realidade não se verifica.

O estudo indica ainda que a esmagadora maioria dos alunos prefere a modalidade de arrendameto com serviço de água, luz, gás e internet já incluídos e o imóvel mobilado.
O Alojamento Estudantil tem sido um tema em torno do qual a AAUM tem promovido um largo debate, expressando a sua posição sobre uma área onde existem várias deficiências, “antecipando muitos dos cenários que agora se verificam”.
E foi com base nos dados agora conhecidos que a associação estudantil elencou algumas posições e recomendações que considera relevantes para a resolução de um problema “ao qual deve ser dada uma resposta efectiva e imediata”, sob pena de condicionar a vida dos estudantes na academia minhota e a escolha dos mesmos para estudar na UMinho.

A AAUM realça, uma vez mais, que a oferta do alojamento para universitários está claramente desajustada da procura, dado que é corroborável pelas “longas listas de espera” nas residências e nas inúmeras imobiliárias, além dos “constantes e desesperados” contactos dos estudantes à associação.
Face ao indicador de que mais de 50% dos estudantes nunca recebeu qualquer recibo de renda - obrigatório por lei - os dirigentes estudantis afirmam que é urgente que o Estado e os executivos camarários possam trabalhar no sentido da certificação do alojamento para estudantes e de um maior controlo fiscal dos arrendatários.

Os Municípios devem, ainda segundo os estudantes, ser capazes de introduzir mecanismos financeiros de reordenamento do seu território de forma a, em primeiro lugar, promover a construção e reabilitação certificada de imóveis em locais de interesse da comunidade estudantil, nas imediação dos campi e, em segundo lugar, na impossibilidade da primeira, promover a reabilitação de zonas mais distantes e menos habitadas da cidade, comprometendo-se com as necessárias condições de mobilidade. Neste âmbito, sugerem a criação de um passe de transportes urbanos gratuito para os que optem habitar em locais certificados e preferenciais para o ordenamento do território municipal.

FONTE: Correio do Minho | Em 13 de Setembro 2018 | Texto: Paula Maia